12 de nov. de 2012

O pedido de perdão de João Paulo II – tudo o que a mídia não contou pra você

Fonte: O catequista

E aí meu povo,
Esta é a resposta a um comentário que surgiu recentemente no post “Sobre Bruxas Queimados e Neurônios Tostados“, no qual demonstramos que a Igreja jamais promoveu qualquer “caça às bruxas”.

Eis o comentário do leitor que nos acusa de falta de lógica:
intelectual_oculos“Discutir questões relacionadas a religião é uma pratica inútil, porém negar fatos históricos em que até mesmo o papa pediu desculpas é um pouco ilógico.”
Zé Sabichão (leitor real, nome fictício)
É um intelectual nato! Para comprovar o quanto é sábio, ele coloca o que ao final do comentário? O link de uma matéria da Folha. Eu mereço. Será que o palpiteiro, incapaz de citar uma fonte confiável, acha que eu não conhecia essa matéria tosca?  O cúmulo para ele em termos de sapiência e opinião mais confiável são os repórteres da Folha?  Faça-me um favor.
Pois bem, Zé. Eu conhecia esta matéria da Folha, e, para sua infelicidade, conheço muito mais: estudo inquisição há 20 anos. Hoje, posso tirar minhas próprias conclusões, todas científicas, baseadas na realidade invencível do que aparece na minha frente.
Observem o texto da Folha de São Paulo, publicado em 13/06/2004:
João Paulo 2º pede desculpas pela Inquisição
Conversas sobre julgamentos, bruxas queimadas e livros proibidos ecoaram no Vaticano nesta terça-feira, enquanto o papa João Paulo 2º pedia perdão pela Inquisição, quando a Igreja Católica torturou e matou pessoas consideradas heréticas.
O papa fez seu apelo em uma carta lida durante uma entrevista coletiva convocada para o lançamento de um livro sobre a Inquisição.
Ele repetiu uma frase de um documento de 2000, no qual pela primeira vez o papa pediu perdão pelos “erros cometidos a serviço da verdade por meio do uso de métodos que não têm relação com a palavra do Senhor”.
(…)O livro de 800 páginas lançado nesta terça-feira baseia-se nos discursos feitos no simpósio acadêmico patrocinado pelo Vaticano seis anos atrás.
Aparentemente nada de errado, certo? Não! COMPLETAMENTE ERRADO!!! Texto mal escrito, mal-intencionado e tendencioso. Em primeiro lugar, observem o título. Não é correto dizer que o Papa pediu desculpas pela Inquisição: ele somente pediu perdão pelos erros cometidos neste tribunal. Sim, é uma diferença de texto sutil, mas que altera muito o sentido da coisa! Em nenhum momento o beato condenou a Inquisição como um todo, e nem poderia: como veremos a seguir, ela teve muito mais acertos do que erros.

fonte_primariaHouve realmente pedido de desculpas do Papa? Evidente, cáspide! Cometeram-se barbaridades em nome da fé, mas ninguém – repito, absolutamente ninguém entre esses fulanos da imprensa – fez questão de investigar a verdade total dos fatos (como deveria ser o papel do jornalista sério).  A verdade é que, por meio da Santa Inquisição, a Igreja salvou muitas pessoas de uma morte horrível. Esta conclusão é resultado dos esforços de acadêmicos como o Professor Madden, o Professor Woods Jr., o Professor Konik, entre outros, que são historiadores honestos e extremamente gabaritados. Eles fundamentam seus estudos em FONTES PRIMÁRIAS, as únicas que podem basear pesquisas e conclusões precisas.

Veja bem, já vi despautérios em livros, dizendo que morreram 20 milhões de pessoas na Inquisição, cujas fogueiras, ao lado da peste, quase dizimaram a população da Europa… Esses escritores palpiteiros geralmente se baseiam em publicações de cretinos como Gibbons e Michelet, os mais modernosos em Peter Burke e Hobsbawn (embora esses dois não sejam medievalistas). Estes autores são absolutamente tendenciosos e não se baseiam em fontes primárias, como manda o bom manual do historiador (como ensinou Ranke).
O que o Papa realmente falou?
Esse texto da Folha foi descaradamente editado, veja aqui o que o papa falou (grifos nossos):
“Ante a opinião pública, a imagem da Inquisição representa de alguma forma o símbolo deste antitestemunho e escândalo. Em que medida esta imagem é fiel à realidade? Antes de pedir perdão é necessário conhecer exatamente os fatos e reconhecer as carências ante as exigências nos casos em que seja assim. Este é o motivo pelo qual o Comitê pediu a consulta de historiadores, cuja competência científica é universalmente reconhecida.”
Papa João Paulo II (Fonte: Zenit)
Pra ficar bem claro: João Paulo II não só pediu perdão, como também alertou que a imagem que as pessoas em geral têm sobre a inquisição pode estar errada.  Também convidou a todos a buscar a verdade dos fatos. E, para isso, ele abriu os arquivos do Vaticano a um comitê de 30 historiadores internacionalmente reconhecidos, que acabaram por derrubar muitos mitos e calúnias.
Por que esse trecho da mensagem do Papa não faz parte do título da matéria? Por que o trecho, pelo menos, não faz parte do corpo do texto? Resposta: não interessa. A Folha, pelo visto, não tem o menor interesse em abalar as certezas absolutas e imutáveis de seus leitores típicos; ela se limita a reforçar ideias preconcebidas.
pedido_desculpas_inquisicao_joao_paulo_ii
Matéria da Folha omite dados importantes
Agora vem a parte mais interessante. A matéria da Folha continua:
Mas a entrevista coletiva foi além disso.
Um mapa mostrou que a Alemanha registrou o maior número de “bruxos” e “bruxas” mortos por tribunais civis no começo do século 15.
Cerca de 25 mil pessoas da população de 16 milhões foram mortas.
Mas, em termos proporcionais, o recorde pertence a Liechtenstein, onde 300 pessoas, ou 10% dos 3.000 habitantes da região, foram mortas por bruxaria.
O professor Agostino Borromeo, editor do livro, disse que menos pessoas foram realmente mortas pela Inquisição do que geralmente se acredita.
Ele afirmou que apenas cerca de 1,8% das pessoas investigadas pela Inquisição espanhola foram mortas. Manequins foram queimados para representar os julgados à revelia e condenados à morte.
Certa do cansaço e da preguiça mental de seus leitores, a Folha coloca a informação crucial perdida no corpo do texto. A inquisição só levou à fogueira 1,8% dos indiciados (enquanto que a média de condenações dos tribunais não-religiosos da época era de 50%, vejam que diferença). A Folha em nenhum momento informa que esta conclusão é baseada em análise de fontes primárias, e não a mera opinião de um polemista maluco qualquer. É o resultado do trabalho científico de um historiador tarimbado, o Conde Borromeo.

AGORA VEM A PEGADINHA: reparem que a matéria está o tempo todo falando dos tribunais eclesiásticos, e de repente começa a falar dos milhares de “bruxos” e “bruxas” mortos dos pelos TRIBUNAIS CIVIS. É óbvio que muita gente vai confundir uma coisa com a outra! O leitor desatento – que, vamos combinar, corresponde a 90% dos casos – vai colocar estas mortes na conta da Igreja. Ele não perceberá que estes números NADA TÊM A VER COM A INQUISIÇÃO (e muitas vezes não têm relação nem mesmo com os civis católicos, já que grande parte desses tribunais eram protestantes).

antolho_midiaE a coisa fede cada vez mais. O texto da Folha dedica diversas linhas para descrever os números dos tribunais civis, mas, curiosamente, omite os números de condenados por bruxaria pelos tribunais da Inquisição. Estranho, não? Será porque estes números são baixos demais, e não satisfazem a cota de sangue e crueldade desejados pelos jornalistas “imparciais” da Folha?
É, no mínimo, tendencioso ignorar esses dados importantíssimos, trazidos à tona naquela ocasião pelo professor Borromeo:
  • dos 125.000 processos de sua história, a Inquisição Espanhola condenou à morte 59 “bruxas”;
  • na Itália, foram 36 pessoas condenadas por bruxaria;
  • em Portugal, foram 4 condenações por bruxaria.
Como vemos, tem jornal que, para os humanos, cumpre a mesma função que os antolhos nos cavalos: tapam a visão dos diversos ângulos e só permitem que o sujeito olhe para uma única direção.
E a matéria da Folha continua…
O cardeal Georges Cottier foi questionado por que o Vaticano não condenou papas anteriores que permitiram a Inquisição.
“Quando pedimos perdão, não condenamos. Estamos todos condicionados pela mentalidade de nosso tempo. Daqui a 50 anos, podemos ser acusados de não ver certas coisas”, disse.
Por que João Paulo II tinha que condenar, admoestar ou passar um pito na memória de Gregório IX? Não havia por que. O que esses caras querem? Simples, querem que a Igreja assuma culpas até de coisas que ela não fez, assuma que esta errada em defender sua ortodoxia, assuma, inclusive, que ela foi muito malvada em botar um freio no autoritarismo dos barões, que, antes da criação do Tribunal da Inquisição, acusavam de heresia e matavam a quem bem entendiam.
Enfim, os detratores da Igreja buscam deturpar e se aproveitar desse ato de lealdade e coragem – o pedido de perdão pelos erros de seus membros – para confirmar os seus preconceitos. Porém, como vimos, qualquer pessoa de mente aberta e com mais de dois neurônios em atividade pode reconhecer essas mentiras e chegar aos fatos.
*****
Não somos ingênuos a ponto de imaginar que convenceremos o leitor Zé Sabichão a pensar de modo diverso. Mas consideramos que a resposta ao seu comentário poderia ser útil aos nossos amigos católicos, para que se previnam e saibam se defender deste tipo de ataque. Quanto ao comentário do Zé, este foi devidamente rejeitado e encaminhado para a lixeira.
olavo_de_carvalho“Na esmagadora maioria dos seres humanos, o abismo entre o percebido e o pensado continua imenso e praticamente intransponível. No caminho que vai dos sentidos ao raciocínio, eles se perdem na trama da imaginação. Vêem a realidade com os olhos da cara, mas não conseguem pensá-la. Pensam outra coisa, sugerida pela imaginação ou repetida pelo automatismo da memória. Mas não sabem que estão fazendo isso.”
Professor Olavo de Carvalho
É nesse abismo intelectual que vivem hoje muitas pessoas em nosso país. Os jornalistas e editores que seguem a cartilha do iluminismo e do marxismo sabem muito bem que a superficialidade e a incapacidade de concentração das pessoas que ficam tempo demais na internet não permite que elas prestem a devida atenção nos detalhes.
wagner_moura_capitao_nascimento_tropaMas nem todos estão distraídos. Nem todos aceitam engolir a papinha venenosa de informações fáceis da mídia. Amigos, busquemos sempre alimento sólido (espiritual e intelectual), oremos e vigiemos, até que o Senhor venha de novo em Sua Glória.
Obrigado a todos pela atenção e fiquem com Deus.
*****
Fontes (como deve ser):
Woods Jr., Thomas. A Igreja Católica: Construtora da Civilização Ocidental. Ed. Quadrante.
Vauchez, André. A Espiritualidade na Idade Média Ocidental –  Sec. VII ao XIII. Jorge Zahar Editor.
Site da Agência de Notícias Zenit. Carta de João Paulo II sobre a Inquisição. 16/06/2004
Blog Cultura Sem Censura. Inquisição, como se mente a respeito
Site do Vaticano. Memória e Reconciliação – A Igreja e as culpas do passado
 
MCS - GO SDS - 11/212

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