19 de ago. de 2011

Não sei perder



 
Quando criança praticava os mais variados tipos de esportes. Sempre gostei de disputar, competir, e claro, de vencer. Isso me trouxe um problema, pois detestava perder. Lembro-me de minha mãe dizendo, várias vezes, quando me via reclamando de uma derrota no jogo de bolinhas de gude, por meu time ter perdido no futebol ou por qualquer outra derrota: – “Menino, você precisa aprender a perder!” É verdade. Eu preciso aprender a perder!
 
A vida é uma constante de vitórias e de derrotas. Faz parte da dinâmica da nossa existência. E nesse movimento de alegrias e tristezas, de conquistas e de ruínas, em fevereiro de 2007, tive minha pior derrota: perdi meu pai.
 
Na morte do meu pai senti falta de não ter aprendido a perder. Nessa perda, a maior da minha vida, tive vontade de desistir de tudo, de me revoltar com Deus, de brigar e reclamar, como fazia quando perdia qualquer disputa na minha infância, mas uma situação interessante aconteceu. No momento do enterro tudo foi muito doloroso. Só quem já passou por essa situação sabe como é. Eu estava de braços cruzados e de repente uma mão se enfiou por debaixo do meu braço e segurou a minha mão.
 
Não olhei para ver de quem era aquela mão. Na verdade, nem sabia ao certo quem eram as pessoas daquela multidão que acompanhava o enterro. O que importava é que alguém me deu a mão, alguém segurava a minha mão no momento em que eu perdi, no momento da derrota. Assim que terminou o enterro aquela mão se soltou e a pessoa voltou-se para trás. Depois fui saber quem me dera o apoio, mas na hora nem pensei em procurar o dono daquela mão, pois sabia que aquela era a mão de Deus.
 
Ainda não aprendi a perder. Ainda sofro com as derrotas. Mas essa experiência tem me feito buscar nas derrotas a presença de Deus, que não me deixa só. A mão de Deus que me ampara. A presença de Deus que me faz crer que depois da morte vem a ressurreição. E a ressurreição é vida nova. Mudanças positivas acontecem. Novidades aparecem…
 
De lá para cá continuei perdendo, mas por meio dessas derrotas, tenho tentado permitir que Deus, com sua mão, não somente me ampare, como fez no dia do falecimento do meu pai, mas que também me conduza pelos caminhos que Ele tem para mim. Afinal: “Somos mais que vencedores, graças àquele que nos amou” (Rm 8,37).
 
MCS - GO SDS - 08/2011

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